segunda-feira, 25 de julho de 2011

Projeto prevê aumento na produção pecuária em municípios baianos

O aporte de tecnologias no setor pecuário é uma das medidas com potencial para dinamizar a economia de Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado e Sobradinho, municípios baianos localizados no entorno do lago formado pela Barragem de Sobradinho.

Com um rebanho que soma 174.422 cabeças de bovinos, 452.119 de ovinos e 1.030.167 de caprinos, o aumento dos índices de produtividade terá conseqüência quase que imediata na melhoria da renda e na qualidade de vida dos agricultores e de suas famílias, destaca o engenheiro agrônomo Rebert Coelho Correia, pesquisador da Embrapa Semiárido.

À frente do projeto “Ações de desenvolvimento para produtores agropecuários e pescadores do território do entorno da Barragem de Sobradinho-BA”, Rebert coordena um conjunto de iniciativas voltadas para estruturar as propriedades com reservas forrageiras e principalmente, estimular os agricultores a manejarem seus rebanhos com base em conceitos como o de capacidade de suporte, baseado na alimentação.

“O objetivo é mudar o caráter extensivo da criação animal nesses municípios. Se os agricultores melhoram o desempenho dos sistemas de criação pecuária, não temos dúvida da repercussão positiva da atividade sobre a economia, a geração de renda e, principalmente, na qualidade de vida das famílias”, afirma.

Para quem tem rebanhos no semiárido, em especial, precisa buscar uma situação de equilíbrio entre o número de animais e a quantidade de forragem disponível para fornecer a todos eles durante a seca. Se o agricultor cria 100 caprinos, por exemplo, mas só dispõe de recursos para alimentar adequadamente 50 deles, o resultado vai ser uma continuada perda de produtividade.

Esta é uma realidade bastante comum entre os agricultores dos cinco municípios nas margens do Lago de Sobradinho. No projeto, que é fruto de acordo de cooperação entre a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF) e a Embrapa Semiárido, esta questão é enfrentada de três formas.

Rebert explica: primeiro, com a implantação de pequenas áreas cultivadas com espécies forrageiras perenes e anuais nativas ou adaptadas ao ambiente semiárido. Segundo, com a organização de eventos de treinamento e capacitação entre agricultores, suas organizações associativas e pesquisadores e técnicos. E, por fim, com a distribuição de sementes e mudas.

Segundo ele, esta forma de estruturação têm tido uma boa acolhida entre os agricultores. As metas iniciais do projeto já foram superadas neste primeiro ano da sua execução. As demandas para instalação dessas pequenas área, chamadas de Campos de Aprendizagem Tecnológica (CATs), obrigaram a coordenação do projeto ampliar a quantidade das 25/ano planejadas para 33.

O mesmo aconteceu com o trabalho voltado para a criação de pecuária leiteira: de 2 CATs previstos/ano, passou-se à implantação de 9. Nestes Campos estão plantadas melancia forrageira, guandu, milho, sorgo, além de leucena, gliricídia, pornunça, maniçoba, palma e mandioca.

De acordo com Rebert Coelho, o plano de ação do projeto relacionado à produção pecuária prevê iniciativas para redução das elevadas taxas de mortalidade e o aumento da quantidade total de animais comercializáveis por matriz criada/ano. “Temos pesquisas que estamos levando para o campo, com resultados que ampliam o número de animais prontos para serem levados ao mercado dos atuais 17,0 kg, no sistema tradicional extensivo, para mais de 40,0 kg, um incremento acima de 130%”, ressalta.

As inovações tecnológicas disponíveis pelo projeto são base para levar os agricultores a produzirem mais e melhor na mesma área, e gerar mais renda, ressalta Rodolfo de Sá Cavalcanti, funcionário da CHESF e administrador do convênio firmado com a Embrapa Semiárido.

Para ele, o projeto ainda ganha mais representatividade com a participação do Fórum de Integração e das prefeituras dos municípios de Casa Nova, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé e Sobradinho que “nos ajuda a montar um trabalho consistente”. Após os cinco anos, prazo de duração do projeto, espera-se grandes mudanças no “modo de fazer” dos produtores beneficiados, com as transferências de tecnologias que vem sendo realizadas.

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